Os dois primeiros dias da Game Developers Conference (GDC), que acontece até sexta-feira, 4, em São Francisco, nos Estados Unidos, deixaram bem claro que aparelhos portáteis e games sociais continuam no topo da onda do mercado de jogos. As duas duas principais palestras do evento até agora foram de empresas que representam exatamente essas duas vertentes: Zynga, responsável porCittyVille, FarmVille e outros sucessos do Facebook, e Rovio, desenvolvedora do Angry Birds.
Mark Skaggs, vice-presidente de desenvolvimento de produtos da Zynga, foi à GDC para falar do processo de crescimento de sua empresa, que começou com o lançamento do FarmVille e chega a uma nova fase com CittyVille, atualmente, o jogo mais popular do Facebook — foram mais de 100 milhões de acessos únicos diários apenas nas primeiras seis semanas.
Segundo ele, o segredo para conquistar tamanho espaço dentro da rede social foi “acreditar no impossível”. Primeiro, apostar completamente na plataforma Flash, depois, acreditar que um jogo sobre fazendas seria divertido e, por último, tomar a decisão de que o jogo seria completamente baseado na nuvem. Com FarmVille, a empresa adotou um sistema minimalista de desenvolvimento: “Não desenhávamos nada que o jogador não fosse ver na tela”, conta Skaggs. A ideia era criar rapidamente o jogo e colocá-lo no ar o mais rápido possível para, então, ir aprendendo com o espaço social do Facebook.
Deu certo. O jogo se adaptou perfeitamente ao ambiente do Facebook e preparou a equipe para uma nova etapa nos jogos sociais, o CittyVille. A concepção de desenvolvimento mudou, e o minimalismo foi trocado pela criação em mais longo prazo. “Em todas as suas fases, o desenvolvimento do jogo contou com o apoio integral de todos os numerosos grupos dentro da empresa. Eles tiveram tempo para estabelecer a ferramente de mapas, preparar a equipe para o serviço ao vivo, e testar e verificar exaustivamente todo o jogo, passos que não tiveram a mesma dimensão no FarmVille“, diz Skaggs.
Para ele, o que a Zynga deixa até agora de aprendizado para os desenvolvedores da game é: arrisque, entenda o ambiente onde o jogo se hospeda para aprender suas principais funções e as imite.
No mesmo caminho. Quem também acredita o minimalismo ao desenvolver e na rapidaz ao lançar é Vijay Thakkar, diretor técnico da Zynga With Friends (oficialmente chamada de Newtoy), empresa do Texas criadora de jogos para iPhone e Android, como Words With Friends e Chess With Friends.
Para ele, o crescimento no uso de smartphones facilitou o renascimento do movimento de jogos independentes. Está cada vez mais fácil desenvolver games e os com caráter social estão ganhando muito espeço. No entanto, contina Thakkar, alguns princípios da criação tradiocional de games ainda são cruciais para o sucesso dos mobile, pois garatem uma boa experiência do usuário.
Ele também acredita que a indústria de games está se deslocando em direção a jogos menores, menos complexos, e que os profissionais da área precisam mudar para se adaptarem a isso. “Nós nos esforçamos para criar jogos em poucos meses. O benefício dessa prática é que você tem que manter o foco, mantendo a produtividade constante. Mas, isso é o que estamos fazendo hoje. O mercado muda tão rapidamente que, em seis meses, podemos precisar pensar em outras prática “, conclui.
Em outra palestra, Raph Koster, vice-presidente de design criativo da desenvolvedora Sorority Life (comprada pela Disney), falou sobre 40 mecanismos sociais que são usados em diferentes estágios dos jogos sociais. Ele acredita que esse tipo de game deve se fundamentar em diversos processos do mundo real para atrais a fidelidade dos jogadores.
Eleições e rituais em grupo são exemplos dados por Koster de elementos que poderiam ser mais explorados pelos desenvolvedores. “O American Idol é o maior jogo social que existe hoje”, diz. Para ele, engajar amigos em torno de uma mesma ação é promissor, no entanto, a experiência do jogo social ainda é basicamente de um único jogador.
Empolgação e gratidão. Para deixar claro que smartphones e tablets já são tão importantes quanto consoles em um evento de games, Peter Vesterbacka, CEO da Rovio, subiu ao palco e, antes mesmo de discutir o futuro da franquia Angry Birds, disse: “Nós realmente precisamos agradecer à Apple”.
Já estabelecida dentro do iPhone, a Rovio pode levar seu jogo para outras plataformas, respeitando particularidades de cada uma. No Android, por exemplo, o app é gratuito (na App Store, é US$ 0,99) e se banca por meio de publicidade.
E quanto a uma nova sequência do jogo? Sem dar detalhes, Vesterbacka, disse apenas que os fãs não precisarão esperar muito, uma novidade deve ser anunciada no meio no ano.
Link – Estadão